Pode isso Arnaldo?
Eu juro que isto é sobre computação :)
Muitos talvez não tenham visto esta situação. Leia antes para contextualizar.
Em primeiro lugar vou falar aqui de uma pessoa ou um grupo muito pequeno de pessoas. Não estou falando da Globo. Entidades abstratas, como o nome já diz não existe. Quando você fala de uma empresa está falando dos profissionais que trabalham lá. Ações gerais acabam sendo consequência do todo ou pelo menos de quem tem mais poder, mas ações específicas não é culpa da instituição como muitos acreditam. Em geral os debates na internet são abaixo do que podemos chamar de rasos e acusações sobre empresas são bobos e infundados até quando acertam.
E isto é importante porque toda esta atitude grosseira das pessoas, algumas que se julgam acima do bem e do mal e consideradas “inteligentes” por muitos não contribuem para evolução de nada. Mas toda tosquice de suas atitudes em alguns ambientes refletem em tudo na sua vida. Não tem chavinha que liga e desliga o radicalismo e visão estreita sobre o que está falando. Se a pessoa é tosca na rede social, ela certamente em algum nível é tosca profissionalmente e toma decisões ruins. Se ela só consegue enxergar um lado publicamente, ela fará o mesmo em algum grau quando for tomar uma decisão que deveria ser técnica.
No episódio alguém dentro da Globo fez algo que os profissionais de TI fazem o tempo todo: alguém tomou a decisão de seguir a regra. E isto não é bom? É, até que ela seja tornada sem sentido pela realidade da vida real. A regra está no papel.
Quem dirigia esse evento televisivo não entendeu o espírito da promoção e decidiu que a regra tinha que ser adotada como ela foi concebida.
Ok, ali na hora nem sempre é fácil tomar a decisão correta. Mas depois decidiram mudar a regra para “resolver o problema”. A regra não era ruim, não causava problema, só tem um caso de exceção que alguém não soube lidar. Qualquer pessoa sensata melhoraria a regra sem mudá-la. A regra atendia bem um propósito, só precisaria de uma melhoria para tratar a exceção. Bastava adotar a deliberação dos comentaristas na exceção, e a decisão seria apenas passar para o segundo mais votado que não era zoeira. Deixava a torcida decidir e manteria o propósito da promoção intacto. Não, eles decidiram tirar da mão da torcida a decisão. Sim, porque agora você sabe que seu voto não vale, os comentaristas poderão decidir diferente de você mesmo que você tenha a melhor das intenções.
Espero que repensem isto. Mas importa pouco pra mim, futebol não me atrai tanto assim, mesmo que a mesma torcida que faço parte tenha bom humor e faça sua parte. Note que não critico a zoeira, a cultura do esporte é assim e a torcida estava no papel dela, erro só na emissora que não poderia oficializar isto.
Em TI fazemos o mesmo o tempo todo. Seguimos regras. Regras em sentido, regras falhas que não tratam da exceção, ou pior, que usam a exceção como se fosse regra. Até regra que nem foi escrita, simplesmente as pessoas assumem que existem. E aí não pode mudar. Muitas vezes a regra é estabelecida popularmente depois de alguém que tinha um caso pra seu uso ter divulgado o que fizeram. Ora, quem usou inicialmente era a exceção. Vou dar nomes, era a Google, a Facebook, a Netflix. Você não é. A solução para eles não serve para você. Mas aí as pessoas começam blogar sobre isto, começam sair vídeos, palestras, até livros. Cria-se uma indústria que transforma isto em regra e você se sente obrigado seguir. Você nunca viu uma indicação que é melhor para o seu caso, mas adota mesmo assim.
Nós gostamos de validações, e se essas empresas usam, se todo mundo está falando nisso “eu tenho que usar também, tem que estar no meu currículo”.
Muitas vezes até resolve um problema real. Mas um problema que só existe porque houve uma decisão anterior ruim. A solução é reverter a decisão ruim e não adotar uma nova regra pra lidar com o problema que você criou. Regras novas tem custo. Chega um ponto que entre o problema e a regra nova, claro que a regra nova é útil. Mas entre fazer certo sem ter o problema e a regra nova, não ter o problema é melhor.
Eu falo isto e quase todo mundo concorda, parece senso comum. Mas por que estas mesmas pessoas continuam criando o problema e correndo atrás de regras novas para resolver o que elas criaram? Por que não fazer o simples e correto então?
Fazer o simples não é fácil, não é algo que a pessoa sem fundamentos consiga fazer. E hoje a maioria das pessoas não dá valor para os fundamentos. As pessoas só querem aprender apertar uns botões na tecnologia mais moderna. Assim não tem como tomar decisões corretas. E como quase todo mundo faz isto parece que o errado sou eu.
Eu vejo pessoas inteligentes que usam certas coisas porque elas não conseguem mais enxergar que só é necessário porque elas criaram o ambiente errado. Se ela tivesse começado certo seria mais simples. Mas ninguém quer reconhecer que a opção era ruim desde o princípio. As decisões são rasas, sempre pensando no curto prazo. Pelo menos seguiram a regra de metodologia ágil. Pra que pensar no projeto como um todo se eu posso pensar só no que vai acontecer neste mês?
Algumas pessoas tem bom senso, mas não o poder para ir pelo caminho certo.
Quando você nem entende a regra como você pode usá-la? Não é a regra pela regra. A regra existe pra dar um norte dentro de um cenário. Para quem não tem bom senso ela serve pra nada. E no jogo, na sua situação não existe um Arnaldo pra você perguntar se pode ou não*.
Se gostou segue aí. Se não gostou segue também porque cada postagem será diferente.
*Não que eu esteja dizendo que os Arnaldos por aí saibam melhor da regra que você, este pode ser outro erro, delegar para outro o que pode ou não, é pior ainda. A solução é entender a regra, a parte mais difícil porque não tem regra que ajude fazer isto.